
Lá vem o João Bananeira!
02/08/2015 · Por Magali Colonetti
O grupo se preparava para iniciar o cortejo quando conheci o João Bananeira. Um personagem importantíssimo da cultura popular de Cariacica, no estado do Espírito Santo. Alfredo Evangelista foi quem vestiu a roupa feita de folhas de bananeira, tecidos e máscara. Nenhuma parte do corpo aparece. Um fazendeiro há muitos anos atrás foi quem vestiu essa roupa pela primeira vez. Tudo isso porque não queria ser reconhecido numa festa. Quando esse personagem surgiu os escravos viram ali uma oportunidade para ir às festas da região. “Eles não podiam participar das festas com os brancos. Por isso vestiam as folhas de bananeira, os tecidos e máscaras. Com essa roupa ninguém vê a cor”, contou Alfredo. Foi o João Bananeira que seguiu na frente do Congado de Cariacica durante o cortejo pelas ruas da Vila São Jorge, na Chapada de Veadeiros. Conhecido de alguns, desconhecido de outros, ele ia fazendo seu papel meio de palhaço, meio de assustar as pessoas. Logo após ele a bandeira do congado, as bailarinas, o mestre, o capitão e os foliões. Nos primeiros metros pessoas já seguiam o cortejo, outras ficavam encantadas com a passagem do grupo. Quem estava dentro dos carros, que aos poucos saiam da frente para o cortejo passar, olhava curioso. E João Bananeira lá dançando e sacudindo sua máscara.
Antes de chegar ao ponto final do cortejo duas paradas foram feitas. A primeira foi na pracinha, por lá encontraram outros dois grupos: Congo de Niquelândia e de Monte Alegre. Cada um com suas vestes, seus personagens e sua música. Fizeram algumas músicas ali na pracinha mesmo e isso chamou ainda mais o povo. O próximo local de encontro dos grupos foi a igrejinha de São Jorge. Lá foi o João Bananeira na frente outra vez em direção ao altar reverenciar a imagem do santo guerreiro. Só se via o que era feito lá espiando da janela, no meu caso, ou pela porta lateral da igreja. Mais uma vez aumentou o cortejo. Benção pedida, reverência feita era hora de continuar andando. Em fila os três grupos seguiram até a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. Por lá todos cantaram e festejaram a descida do mastro após sete dias, o período do evento. O congado Cariacica foi o último a fazer sua apresentação e fizeram todos dançarem. Na oportunidade agradeceram por estar no encontro conhecendo outras culturas. Vendo o que acontece além Espírito Santo.