
A benção da Família Menezes
02/08/2015 · Por Ana Ferrareze
São Jorge recebeu a benção das Caixeiras do Divino da Casa Fanti Ashanti, de São Luís do Maranhão, no sábado, 1º de agosto. As irmãs Dona Zezé, Dona Dindinha e Dona Graça de Menezes, junto com Bartira, filha da primeira, se apresentaram no palco em frente à Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, trazendo uma energia maravilhosa ao último dia do Encontro de Culturas Tradicionais. Receberam convidados como Jerusa Leão, Marize Silva, Camila Reis e Catatau, que tornaram o espetáculo ainda mais emocionante.
A Família Menezes toca caixa e entoa os cânticos para a festa do Divino Espírito Santo, que no Maranhão é muito particular, mesmo que seja realizada em todo o Brasil. Dona Zezé conta que ela e as irmãs cresceram vendo os pais, José Maria e Francisca de Menezes, cantando, principalmente durante a noite. “Sentávamos na sala para acompanhar”, relembra. “Nosso pai tocava violão e compunha poesia. Nossa mãe era rezadeira, benzedeira, curadeira e mineira, do tambor de mina”. A tradição que existe desde o século 19, então, passou para as filhas, que espalham a cultura pelo Brasil.
O repertório musical se destaca, assim como a energia que sai das batidas nas caixas. Um patrimônio cultural riquíssimo, preservado principalmente por casas de culto afro-brasileiro, como a Fanti-Ashanti, que existe desde 1954. A família Menezes é uma das mais importantes do Brasil na preservação da tradição, trazida ao Maranhão por imigrantes de Açores, em Portugal. Registros apontam que sua origem vem do século 14, quando o Divino Espírito Santo era celebrado cinquenta dias depois da Páscoa, em homenagem ao Dia de Pentecostes. As caixeiras são fundamentais na celebração, acompanhando todas as etapas da cerimônia. E abençoando quem pedir “bença”, como muitos fizeram em São Jorge na última noite.